Aceitam um café? (Por Wigvan Pereira)


"Oi, pessoas. Aceitam um café?

Muitas pessoas me pedem dicas de leitura, mas dar dicas não é uma coisa que eu saiba fazer. Tenho cá para mim que o processo de descobrir a existência de um livro é tão prazeroso quanto a leitura. Na minha estante, os poucos livros que resistem à minha necessidade de me livrar de objetos têm histórias de como vieram parar na minha vida. (Eu sou feito de histórias, vocês sabem.)

O Manicômio de Rogers Silva também tem uma história. Primeiro, conheci por meio de uma amiga, Luana Neres, o trabalho de Nei Duclós, escritor de inteligência e sensibilidade afiadíssimas. Por meio dele, Lídia Martins, poetisa da estatura dos maiores poetas que já existiram, suas palavras têm sabor que aumenta a nossa fome - de contato.

Por meio de Lídia, conheci O Bule, site criado pelo Rogers Silva. Foi ali que comecei a me encantar por seu universo, algo de desespero e caos, uma turbulência que me era familiar. Nos extremos de suas narrativas, o humano surge em sua forma mais bela. Há muitas belezas que saltam aos olhos do leitor e que se tornam mais preciosas pelo contraste com as pedras e com a lama. De tanto colher essas belezas espalhadas pelo caminho - o encadeamento quase musical das palavras, os personagens tão possíveis e próximos que poderíamos emprestar a eles nossas próprias faces, as cenas pensadas com esmero - vamos aos poucos ficando com a alma calejada. (Como também há calos nas mãos de quem colhe rosas.)

A catarse vem depois da leitura terminada, depois de alguns goles de café ou álcool forte. Precisamos de pausa para compreendermos os sentidos escondidos em cada narrativa. Quando nos recuperamos do choque da primeira leitura, nos atiramos outra vez, e mais uma, e ainda outra... como um exercício de mergulho: aprendemos a reter o ar por mais tempo nos pulmões e, assim, podemos ir cada vez mais fundo e descobrir novas belezas no meio da escuridão desse oceano de significados".

Mais Manicômio AQUI.

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