Deslumbre-se

Você pode ser arrogante, cínico, ateu, genial, alienado ou indiferente, um dia a vida vai pregar uma peça em você, acredite. É alguém de quem gosta que morre sem você esperar. É uma doença que surge. É alguém que surge pra fazer seus olhos brilharem. Ou é, ao contrário, um relacionamento de anos de intimidade que, do nada e sem muita explicação, acaba. Um dia você pode duvidar de que a pessoa com quem passou tanto tempo da sua vida é, de fato, aquela com quem queria estar passando tanto tempo. Um dia pode acontecer de você ter a certeza de que aquela pessoa que acabou de conhecer, após alguns dias de convivência e sorrisos, é a pessoa com quem quer passar a vida toda. Mas não se apegue a certezas. Com o tempo você pode mudar de opinião. Um dia você perceberá que um estranho pode ser mais afetuoso do que uma pessoa com quem conviveu ou conviverá a vida toda. Um dia vai querer morrer (um dia todos querem morrer). Mas não se desespere. Não se mate. Poucos segundos depois você pode achar a vida o milagre mais bonito que existe. Um dia vai querer um abraço e não terá ninguém para abraçar. Um dia vai querer viver com toda intensidade possível e o mundo não permitirá (o mundo está sempre podando as intensidades, acostume-se). Um dia você vai morrer (se apegue apenas a essa certeza). Um dia todos à sua volta vão morrer (é bom não se esquecer disso). Um dia, quem sabe, você vai perceber que você é um ser finito e isso será a melhor coisa que acontecerá em sua vida. Ou não. Permita-se ao exercício das dúvidas. Elas fazem bem. Deslumbre-se.

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